sexta-feira, 26 de setembro de 2014

Pelo Tejo vai-se para o mundo

Cá estou correndo na terrinha, entre uma burocracia e um passeio, entre uma faxina e um supermercado, entre uma chuva e um sol...

Mariana Passos, minha amiga lisboeta que vive em São Paulo, disse que dia 05/10 haveria maratona e meia aqui. E essa é uma da série Rock'n Roll. Meu pai correu uma dessas em San Diego, na Califórnia. A organização é muito boa! Mas, eu não estou treinando tanto para correr 21km agora...

Foi então que meu amigo João Xavier me deu a dica da corrida "Lisboa Corre Pela Paz". 10km, no próximo domingo, dia 28/09. A inscrição: 5€. Incrível! Eu me inscrevi facilmente pela internet, mas para pagar havia um número NIB, e como eu ainda não tenho conta bancária aqui, não conseguiria fazer a transferência para aquela conta com o número de referência. Precisei pedir ajuda... Paguei os 5€ ao João, que fez a transferência para mim. Daí, só precisei mandar por email o comprovante de pagamento e eles me responderam confirmando a inscrição e terminando com "saudações desportivas"! :)

Bem, ainda estou me adaptando a correr aqui. Sinto falta do Parque Ibirapuera... Mas ontem fiz uma corrida bem gostosa. Saí correndo de casa. (E aqui é bem comum as pessoas correrem na rua). Fui até a Av. Liberdade, desci a Rua Augusta e cruzei a Praça do Comércio (lá no Terreiro do Paço). Ali cheguei a beira do Tejo, onde corri mais um pouco até virar e fazer o caminho de volta.

Na beira do rio eu percebi que haviam palavras escritas em letras grandes. Era difícil de ler tudo correndo, mas logo reconheci os versos de Alberto Caeiro:

"Pelo Tejo Vai-se para o Mundo

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, 
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. 
O Tejo tem grandes navios 
E navega nele ainda, 
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
A memória das naus. 
O Tejo desce de Espanha 
E o Tejo entra no mar em Portugal. 
Toda a gente sabe isso. 
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia 
E para onde ele vai 
E donde ele vem. 
E por isso porque pertence a menos gente, 
É mais livre e maior o rio da minha aldeia. 
Pelo Tejo vai-se para o Mundo. 
Para além do Tejo há a América 
E a fortuna daqueles que a encontram. 
Ninguém nunca pensou no que há para além 
Do rio da minha aldeia. 
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. 
Quem está ao pé dele está só ao pé dele."

(Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XX"
Heterônimo de Fernando Pessoa)

A corrida deixou de ser apenas atividade física...

E na beira do Tejo, um turista fazia um vídeo da cidade no qual acredito que eu tenha aparecido correndo... E foi assim, no cruzamento de ruas e avenidas de Lisboa, que me senti um pouco parte do cenário daqui, inserida na vida daqui...

E de repente, num paradoxo aparente, correndo, a gente começa a se fixar.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Correndo na metrópole

A vida anda correndo, e eu tenho corrido apenas andando. 

Cheguei em Lisboa, Portugal, onde ficarei pelos próximos dois anos. Ainda não me estabeleci completamente, mas consegui, dentre uma burocracia e outra, sair para uma corridinha!

Eis um registro do meu primeiro reconhecimento do território lisboeta, correndo.


O que achei muito interessante, foram essas várias ciclovias pela cidade, que são usadas também por corredores. Esta é uma opção para quem quer correr no Bairro Azul. Mas ainda pretendo descobrir outras.


Detalhe que havia garoado antes de eu sair para correr. Já correndo, apesar do calor, a garoa recomeçava e parava, mas num desses recomeços, transformou-se em chuva forte. Como eu estava com meu iphone e meu ipod (e não queria que estragassem), tive que encurtar a corrida, terminando meus primeiros quilômetros em Lisboa, encharcada!