domingo, 29 de setembro de 2013

Por isso eu corro demais, só pra ficar tão bem!

Chegou a hora de fazer uma homenagem à música que deu nome ao blog: "Por isso eu corro demais", do Roberto Carlos.

Dedico ela a todos vocês que correm demais. (mas sem sofrer demais!) 

Com vocês, "Por isso eu corro demais", cantada pelo Roberto Carlos, pela Zélia Duncan (que é maratonista e também corre demais!), e pela Adriana Calcanhoto!

Taí, mais uma música gostosa para embalar as suas corridinhas!




sábado, 28 de setembro de 2013

Pernas, pra que vos quero?!

E tudo chega... e tudo passa. Até 42km passam. Depois que eles ficaram para trás, eu ainda tinha uma viagem pela frente. Voltei andando para o hotel com a minha mãe. Sim, depois de correr a maratona, andamos um bom tanto, inclusive com subidas. Chegamos ao castelo (com wifi) e mandei mensagem para o meu treinador. (O Marcão tinha pedido para eu avisá-lo assim que chegasse.) Em seguida, corri para o banho. E todos corremos pra guardar tudo nas malas e fazer o check out, que nos permitiram estender um pouquinho, em razão da maratona.

E foi assim que após a maratona, NÃO fiquei de pernas pro ar, tomando uma caipirinha, ou deitada numa banheira de hidromassagem. Tchau castelo. Au revoir, Québec! Pé na estrada! Hit the road, Jack!


Paramos num restaurante perto da saída da cidade. Foi bom comer. Era necessário. Seguimos viagem. Chegamos em Montreal e começou a nossa busca por um hotel. “Marina, vai lá perguntar o preço, vê se tem café da manhã, estacionamento, wifi...” E daí eu saía daquele banco de trás, descia do carro alto, caminhava parecendo uma patinha... (mas caminhava!), e por vezes subia uns degraus de escada. "Ai! Pernas, pra que vos quero?!"

Acabamos indo para um hotel indicado no centro de informações turísticas. Precisávamos de 2 quartos: um pros meus tios, e outro pros meus pais e pra mim. Só minha tia não tinha corrido. E o cara do hotel disse que um dos quartos era no 1º andar. Detalhe: não tinha elevador! Eu olhei aquela escada, pensei nas malas e nas minhas pernas, esbocei meu desapontamento e saí dali. Dali uns minutos minha mãe volta dizendo que eles tinham arrumado dois quartos no térreo! Ufa!


Ainda nesse dia, e nos dias que se seguiram, andamos bastante. Afinal, éramos turistas. Andar era natural. Só pra subir escadas que era mais demorado.

A maratona tinha sido num domingo e já na sexta-feira da semana seguinte saí com meus pais para trotar uns 3km. Após a corridinha, fomos na piscina e na jacuzzi do hotel! E repetimos esse combo no dia seguinte!

Passou domingo, segunda, terça, e quarta embarquei de volta. Na quinta-feira, cheguei ainda cansada, mas na sexta já fui correr com meu irmão. Foram 6km. No começo foi tranquilo, mas depois o ritmo dele foi me cansando. Eu disse pra ele ter paciência, porque eu estava parada há alguns dias e em recuperação pós-maratona. No dia seguinte, corri 6km sozinha. E no seguinte, aventurei-me a correr 14km. Fui com meu irmão de casa até o parque (a Fe foi de bike), corremos lá e voltamos... Como corremos na rua, paramos em faróis e eu também dava umas caminhadinhas, porque comecei a cansar.

Segunda-feira, mandei mensagem pro Marcão, contando disso. Ele me perguntou de onde eu tinha tirado 14km. Disse que pelos 40 dias após a maratona eu não devia rodar mais que 5 ou 6 km, nem devia correr em dias seguidos. (Eu tinha feito tudo errado!)

Marcamos um café pra conversarmos sobre a maratona. Dali em diante, entrei nesse ritmo de treinamento mais tranquilo, no qual ficarei até o dia 5 de outubro. (Marcão, obrigada por me treinar e não me deixar ter qualquer lesão! Obrigada por tudo o que vem me ensinando. Faltam-me palavras para expressar a minha gratidão.)

E a propósito, que bom que 5 de outubro está chegando!

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Resultado da enquete

Para quem participou da enquete, segue o resultado:

Que tipo de esportista você é?

corredor experiente.......................................
  3 (6%)
já corro há algum tempo................................
  15 (34%)
corredor iniciante...........................................
  10 (23%)
ainda não corro, mas tenho vontade...............
  5 (11%)
não pratico atividade física, por falta de tempo
  6 (13%)
pratico outra atividade física.........................
  4 (9%)


Votos até o momento: 43 (Enquete encerrada)

MUITO OBRIGADA a todos que participaram!

Minha primeira maratona passou, mas ainda há muito a lhes contar. Ainda há muitas experiências para dividirmos. Continuarei por aqui e espero que me façam companhia!

Uma meta foi atingida, mas como diz a Marisa Monte em "Bem que se quis":
"o meu destino é querer sempre mais".

“Necessitamos sempre de ambicionar alguma coisa que, alcançada, não nos torna sem ambição.”
Essa citação indicam ser do Drummond, mas confesso que não a li dentro de nenhuma prosa ou poesia. Sendo ou não dele, tomei para minha vida!

Em breve publicarei sobre o pós maratona!

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

De esporte e cultura vive o homem

Ontem fui presenteada com uma graciosa nota no "Em Sintonia" - informe interno da Fundação Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo - Fundação OSESP! (confiram abaixo no "fique por dentro").

Queria, então, aproveitar para agradecer aos meus colegas e amigos de trabalho que de alguma forma, e em alguns momentos, me ajudaram a completar a distância da maratona.

É muito gratificante fazer parte do time dessa nossa Orquestra!


Para informações sobre a melhor Orquestra da América Latina, visitem o site: www.osesp.art.br

terça-feira, 17 de setembro de 2013

O dia em que virei maratonista – parte 3

No início do ano, meu pai disse uma frase que se tornou a minha favorita sobre a maratona:
“A primeira metade é do cientista e a segunda, do artista.”

Eu já havia corrido os meus bem conhecidos 21km com a cabeça, administrando ritmo, hidratação e suplementação, e até mesmo a emoção. Agora chegara a hora de correr com o coração...

O Maurício, pai da minha amiga Mari Vilella, já havia corrido a maratona de Québec, e me alertou para que eu fosse preparada para correr duas provas, porque depois da metade, a temperatura subiria muito. Meu treinador, Marco Antônio Oliveira, disse que, além disso, eu teria subidas para enfrentar. Por esses motivos, ele dizia que a maratona de Québec não era uma prova fácil – ela não era nada favorável para quem buscava performance. Mas como eu só buscava completar a minha primeira maratona sem sofrimento e não estava preocupada em “fazer tempo”, não haveria problema.

Assim, eu que corria num ritmo médio pouco abaixo de 6min por km, senti a mudança de dificuldade da prova pelo km 24, onde começaram as subidas. Em paralelo, meu ritmo caiu.

Não importava. Eu havia chegado até ali e não tinha nenhuma marca para superar, a não ser a da distância. A toda hora eu pensava no meu treinamento e no que vocês escreveram pra mim. Pensava em todos que me deram exemplo, e nos que disseram que meu blog estava estimulando-os a praticar esportes. Por várias vezes cantei internamente “Don’t stop me now”, do Queen, que a Marcela Camargo me mandara antes de eu embarcar:

“Cause I'm having a good time having a good time. I'm a shooting star leaping through the sky. Like a tiger defying the laws of gravity. I'm a racing car passing by like Lady Godiva. I'm gonna go go go. There's no stopping me. I'm burning through the sky Yeah! Two hundred degrees. That's why they call me Mister Fahrenheit. I'm trav'ling at the speed of light”


Tá bom que eu estava beeem longe de estar na minha melhor velocidade (quem dirá na velocidade da luz! rs), mas eu estava aproveitando muito aquele momento, como eu me propora desde início da viagem.

Cada subidinha vencida era uma pequena conquista. Em alguns momentos batia maior cansaço e eu andava um pouquinho, mas daí queria logo continuar correndo, e continuávamos. Lembrei também do vídeo que a Tauanna me enviou na véspera, dizendo que tinha certeza que eu conseguiria e que em nenhum momento duvidara. Ela também dedicou pra mim a música “Pumped up kicks”, que ela sabia que eu gostava, porque dizia: “You better run, better run faster than my bullet”.

Olhei para as minhas unhas vermelhas (que sim, duraram bem até lá! Obrigada, Isabel!) e pensei: “aaah, eu sou poderosa!” rs. Ou como já diria a querida blogueira Giselli Souza, “sou uma diva que corre!” Lembrei-me da Giselli, da Aurea Bisan, e da Bia Ramos, que também nesse ano tinham completado sua primeira maratona.

Pronto, eu tinha reunido todos os pensamentos positivos do mundo! A essas alturas, minha mãe já teria acabado os 21,1km dela e eu ficava feliz por ela, que estaria nos esperando na chegada. Eu tinha meu pai ao meu lado, me apoiando a cada vez que eu ameaçava cair no choro. Era muita emoção concentrada em uma pequena pessoa só!

Km 25, km 27, km 30... eu já tinha feito todos esses treinos! Era tudo conhecido, cansava, mas eu já havia passado por eles. E mais uma vez eu estava deixando esses quilômetros pra trás, gastando a sola do tênis e ganhando mais quilometragem na vida. (Como meu pai brincou comigo depois, eu era uma mulher “rodada”! rs)

Já vínhamos subindo há um bom tempo. As subidinhas mais íngremes cansavam, mas o que pegava mesmo era a subida sutil que parecia não ter fim.

Foi então que no km 30 senti minhas coxas queimando! Bom, eu não conhecia o que viria a seguir. A partir daí, cada passo a mais era recorde! Eu poderia até parar por ali, que eu já teria tido uma conquista pessoal. Só que não! Cansaço era inevitável nessa altura do campeonato, mas como ele não estava me causando sofrimento, continuei correndo. Faltavam só mais 12km. Eram duas voltinhas na pista externa do Ibirapuera!

Cruzamos uma longa ponte sobre o rio. E por algum tempo não tivemos torcida. Algumas pessoas passavam pedalando em uma ciclovia que ladeava a larga faixa reservada à corrida. Éramos apenas nós corredores, nosso suor e nosso silêncio, o qual eu muitas vezes cortava com uma espécie de choro seco ou um esquisito grito que vinha de dentro. Do âmago. Como se minha energia tivesse sido concentrada no desenlace de um golpe conciso. De certa forma, isso me aliviava.

Não recordo das passagens exatas em que tomei os géis de carboidrato. Mas, após o primeiro, segui mais ou menos o intervalo de 45min entre um e outro, como o Marcão tinha me dito, e como eu já tinha experimentado nos treinos de 30km. Aliás, fiquei muito feliz por ter levado aqueles 3 géis no bolso, já que na prova eles entregaram um gel roxo de sabor bem ruim! (além de que vinha num copinho, então não tinha como guardar pra depois). Eu estava super feliz com o meu gel CLIF de raspberry - docinho que só ele!

Outra coisa legal que eles entregavam pelo caminho eram esponjas encharcadas de água. Esponjas azuis, amarelas e roxas também. A gente pegava aquela esponja macia e apertava nos braços, na nuca, no rosto, e até nas pernas. Era o céu! Tivemos esse refresco ao longo dos km 20, 27, 32 e 40.

Além das águas, dos isotônicos, dos géis, e das esponjas, eles estavam entregando banana no km 27. Comi um pedaço e guardei o resto no bolso. Logo resolvi jogar fora, porque queria meus bolsos livres e não tinha vontade nenhuma de comer. Eu só tinha sede! No km 34, foi a vez da laranja, e aquele pedaço cheio de suco foi muito bem vindo!

Nos quilômetros finais, alguém me cutucou e passou por mim: era a minha colega do tênis xará. Todos aqueles corredores ao nosso redor eram estrangeiros desconhecidos, mas éramos complacentes, pois dividíamos aquela experiência incrível da maratona. Os estrangeiros desconhecidos que estavam torcendo também me passavam algo de bom. Algo de muito bom. Era como se eles representassem uma extensão das pessoas que torciam por mim na maratona da vida. (Ok, ficou meio cafona isso, mas, quando se está emocionado, é isso que acontece: ficamos meio brega! rs)

A coxa já não queimava mais, mas eu estava cansada. Bem cansada! Naaada mais natural pra quem já estava correndo há tanto tempo! Meu pai olhou o relógio e adivinhei que eles estava fazendo os cálculos de tempo pra fecharmos a prova. - Você acha que por volta de 4h30 tá bom? - ele perguntou.

Eu disse que estava maravilhoso, que eu só queria chegar! Faltava pouco. Vi uns corredores que haviam acabado a prova e andavam nas calçadas, no nosso contra fluxo. Eles estavam com suas medalhas no pescoço e eu disse: “Vamos buscar aquela medalha!”

No meio da prova, algumas pessoas voluntariam-se para serem “coelhos”. Eles devem carregar uma plaquinha em que diz o tempo em que terminarão a prova. No início da maratona, estávamos próximos da coelha de 4h15. (Ela tinha orelhas e até tinha um pompom no shorts!) Agora ela passava por nós e eu já me conformara em não acabar a maratona naquele tempo.

Eu me sentia completamente viva e ficava impressionada com tudo que já havia percorrido. Não era fácil, mas, pensando bem, até que maratona era bem possível! Eu estava ali e estava conseguindo! Ao mesmo tempo, porém... as costas doíam, as pernas já haviam se acomodado com um passo lento, a lateral do tronco doía, eu não via a hora de chegar a próxima água... “Pai! Essa tal de maratona é foda!!” Com o perdão da palavra, mas esta era insubstituível naquela situação. Quem já correu maratona me entenderá!

Aliás, ainda bem que lá no meio da corrida e da torcida ninguém falava português, porque mais de uma vez, eu, com toda minha fineza, precisei descarregar um palavrão! Não tinha jeito! Qualquer construção linguística apresentável era complexa demais para aquele momento em que você é apenas um corpo e um turbilhão de sensações.

Faltavam 4, 3, faltavam 2km pra eu me tornar uma maratonista. Posto de hidratação à vista. Tomei o gel de gosto ruim que eles distribuíam, mandei pra dentro dois copinhos de água e um de isotônico. Tudo errado em termos de logística, porque muita água assim atrapalha a performance. Mas eu já não estava correndo como uma cientista e sim como uma artista, tirando forças sabe-se lá de onde. Eu só podia ser uma louca pra estar ali! Pra ter escolhido estar ali! No auge desse cansaço até disse pro meu pai que nunca mais correria outra maratona!

Não tive dores conhecidas: o joelho avisou que estava lá, mas tão logo chiou, logo ficou quietinho. A canela nunca mais soube o que era canelite. Nenhuma cãibra veio visitar minha panturrilha. O incômodo que eu sentia no peito do pé, semanas antes da viagem, desaparecera. As bolhas estavam em número muito pequeno para causar qualquer alarde. Em compensação... as costas e ombros reivindicaram seu direito de atenção! A lateral do tronco, que nunca comparecera aos treinos, resolveu causar estardalhaço! Faltava 1km e eu agradecia por meus ossos ainda estarem no devido lugar!

Já nem pensava mais. 200m e eu podia ver a linha de chegada. Meu pai me deu a mão e me puxou, literalmente. Corremos de mãos dadas. 100m. Os 100m mais longos da minha vida! Nem havia como sonhar em dar um sprint final (que eu já aprendera com o Marcão que não era certo, porque causava lesão). Contanto que eu continuasse correndo, eu chegaria. Ouvi alguém gritando o meu nome (havia lido no meu número de peito). Deu-me a força final. Mãos dadas com meu pai. Só mais um passo. Um pequeno passo para uma mulher. Um grande salto para a nova mulher. 

Stop. A vida parou. Ou foi o Garmin?
(Drummond, peço a sua licença para trocar o automóvel pelo Garmin!)

E então eu pisava no tapete vermelho que se estendera. Meu pai me levantou no ar e achei que aquele abraço iria me destroncar! rs Havia uma espécie de grade separando corredores de torcedores, e ali do outro lado: a minha mãe! A mais linda!

A parte de tirar uma foto do momento da chegada não funcionou tão bem. Minha mãe estava dando a volta, meu pai foi atrás dela e disse para eu esperar ali! Ali!!! E eu só queria a próxima água!...Esperei. Eles chegaram. Flash! Flash! Flash!

Só faltava "ela"... continuamos andando para buscá-la. E ela era minha. Merecidamente minha!
A medalha número 1 da tia Marina!


Galeria de flashs e números:






Alguns números que dizem bem menos do que as fotos e as palavras, mas todo mundo gosta de saber deles:
Meu número de peito: 1088 (Acabando com o ano do meu nascimento... achei demais!)
Distância percorrida: 42,540km (345m além dos oficiais 42,195km da maratona)! 
Tempo marcado no Garmin: 4h30min04s. 
Tempo oficial registrado pelo chip: 4:30:15.
Classificação por faixa etária (F 18-29 anos): 43/78
Classificação por sexo: 212/345

Por fim, para que vocês possam verificar cada um dos meus quilômetros, bem como a elevação do terreno; e para comprovar que eu estava lá e realmente completei a maratona (rs), segue o link do meu Garmin:

http://connect.garmin.com/activity/374763285




P.S: Lucas, meu irmão querido, vc não podia faltar aqui, porque pensei muito em você durante toda a maratona. Agora eu vou ter que voltar atrás do que disse no apogeu do meu cansaço... QUERO SIM CORRER OUTRAS MARATONAS! Não tão breve, mas quero! Topas me acompanhar? 

sábado, 14 de setembro de 2013

O dia em que eu virei maratonista - parte 2

... Finalmente, às 8h30 da manhã, foi dado o tiro da largada. "BUM!" Começou. Eu estava ali, correndo a maratona, e isso era real...

Logo veio a placa de 42km. Longe de significar o fim... era o começo! Havíamos percorrido os 195m e faltavam 42km! As plaquinhas deles eram invertidas, mostrando sempre quanto faltava. Como no meu relógio Garmin eu via a distância já percorrida, até que essa prática deles foi interessante. (Fazer a conta não é bem simples, mas, em 42,195 km, nem sempre você pode contar com o intelecto). Outro detalhe feliz: As plaquinhas eram em quilômetros e não em milhas. 

Como eram apenas 1448 corredores, não foi aquela loucura de muita gente grudada, e assim a massa de corredores não nos impedia de ver o belo caminho que percorríamos. Fazia sol, a sensação térmica era bem agradável e devia estar por volta de 14 ou 15o C.

Vi um tênis rosa igual ao meu! Aproximei-me da corredora e disse: “I like your shoes!” Ela viu os meus e sorriu!

Começamos correndo em uma rua mais pacata, passando por casas residenciais e comerciais. Já logo no começo, alguns moradores estavam nas calçadas pra ver a maratona passar, nos dizendo coisas de louvor. 

Aqueles torcedores deram um tempo em sua vida local para participarem um pouquinho da vida de cada um que estava de passagem. Eles faziam o som de palmas, exibiam cartazes com frases encorajadoras ou engraçadas e gritavam em francês ou inglês. 

O que me marcou logo no início foi um grito de "BON VOYAGE!". Não tenho certeza se foram essas as palavras, mas a percepção de tê-las ouvido, bastou. Lembrei-me do meu treinador desejando uma boa viagem antes do meu primeiro treino de 30 km (http://correndodemais.blogspot.com.br/2013/07/meu-primeiro-treino-de-30km.html). E ali estava eu, começando uma nova viagem! (Uma viagem dentro de outra). E como ela seria longa, associei a frase em francês com outra em inglês, que eu nem sabia de onde vinha, mas ficou piscando na minha cabeça: "ENJOY THE JOURNEY". Eu havia decidido: já que eu estava ali, curtiria a paisagem e cada quilômetro! 

No começo isso foi fácil. Corríamos tranquilamente e parecia que cada quilômetro chegava e passava num tapa. Assim fomos indo. Na cidade de Lévis, onde a corrida teve início, passamos no meio de parques. Uma vista completamente diferente daquela das corridas de rua em São Paulo. Correr por ali era deveras aprazível. Verde de todos os lados. Sem contar que a topografia de todo o início da prova nos era favorável: era plana e até com descidas (daquelas nem tanto perceptíveis aos olhos, mas sim às pernas).

Vi outro tênis rosa igual ao meu! Aproximei-me desta outra corredora de bom gosto e disse: “I like your shoes!” Apontei os meus e ela entendeu! Sorriu e disse que eles estavam indo bem! (Mais para o final da prova ela cruzaria comigo de novo, apontaria para o meu tênis e me daria força!)

Continuamos. Passamos por casas maravilhosas, por algumas bem mimosas, e lá estavam aqueles desconhecidos, nos dando uma impulsão de alegria com suas palmas e dizendo que estávamos indo bem!

Lembro-me de ouvir “carruagem de fogo”, daí já era impossível não se emocionar desde o início!

Logo depois um cartaz dizia: "CHUCK NORRIS NEVER RAN A MARATHON, YOU GOT THAT!" Impossível não rir e se animar!

Um pouco à frente, haviam ligado o som e estava tocando YMCA! É claro que eu levantei os braços pra dançar junto com a torcida! Era impossível não curtir essa viagem! 

De repente, entre os moradores que viam a maratona passar, avistei três menininhas enfileiradas com a mão levantada. Passei batendo nas mãos das três. Era completamente impossível não se motivar!

Os quilômetros iam passando e eu ainda não havia chegado à metade da prova. Sempre havia postos de hidratação. Distribuíam água e, muitas vezes também, isotônico... Bebia uns dois golinhos em cada um dos postos, como o Marcão me ensinou, e continuava correndo tranquilamente.

Havia tomado metade do meu primeiro gel com 1 hora e pouquinho de corrida, por volta do km 11. Eu só tomava quando via que haveria água em seguida, para poder dar uma golada após aquele sabor doce do carboidrato. 

Mil coisas passando pela cabeça, e às vezes falava uma ou outra coisa pro meu pai, que me acompanhava. Quando ele via que eu estava falando muito, ele já me cortava. Assim tentei me manter em silêncio para poupar energia. Os corredores estavam, em geral, bem silenciosos e concentrados nos seus passos. Até estranhei quando umas senhoras correndo por perto não paravam de tagarelar!

Por quase todo o caminho, avistávamos o rio. E em alguns momentos ele ficava do nosso ladinho. O vento soprava contra, e isso teoricamente dificultava a nossa corrida, mas era muito gostoso e refrescava o calor. Abaixo, vocês podem verificar o mapa da maratona:

Por volta do km 20, meu pai parou para ir a um banheiro (havia alguns químicos em vários pontos do percurso). Ele disse para eu continuar, que ele me alcançaria. Como não estávamos cercados por um mundo de gente, isso era possível. Falei pra ele procurar por um boné e um tênis rosa. Continuei sozinha e logo meu pai veio se juntar a mim. Havíamos cruzado a metade. Faltava meia maratona. E eu me sentia muito bem. Como se tudo que veio antes, tivesse servido como aquecimento. Agora sim a maratona começava a começar!

(continua no próximo post...)

Que tipo de corredor/esportista você é?

Olá, pessoal!! 

Estou preparando a parte 2 do dia em que virei maratonista (a maratona propriamente dita), e pretendo publicar hoje! Desculpem pela demora!

Enquanto escrevo aqui, gostaria de pedir que vocês respondessem a enquete que coloquei aqui no blog (na barra da direita). É super rapidinho! E essa enquete encerrará em 17 horas. 


Agradeço muito se puderem participar, porque com as respostas, poderei ter uma noção melhor de quem acompanha o blog! 

Obrigada!

sábado, 7 de setembro de 2013

O dia em que eu virei maratonista - parte 1

Acordei às 5h20 da manhã no tão esperado dia 25 de agosto de 2013. É verdade que eu já tinha acordado algumas vezes antes, mas, graças a Deus, não tinha passado a noite em claro.

Acordei sem sono, sem medo, ou traço de arrependimento. A ansiedade havia dado lugar para uma grande vontade de ir além. Uma vontade de conquistar.


Eu viajava com meus pais e tios. E naquela manhã, eu acordava num quarto de um castelo. – Para alguns momentos na vida, extravagâncias como essa valiam a pena. – Apesar disso, o castelo-hotel não servia café da manhã. Das nossas comprinhas do supermercado, comi pão com cream cheese + geleia e um pedaço de uma banana de casca vermelha. Tomei chá, preparado pela minha mãe, com a água quente da cafeteira do quarto.

Sem muita demora, vesti a roupa que eu escolhera com carinho: um short mais compridinho, para não causar atrito entre as pernas. Por cima dele, uma bermuda mais soltinha, que tinha um bolso de cada lado. (Eu precisava ter bolsos para guardar os géis de carboidrato.) Vesti o top que eu achava mais confortável e uma camiseta de manga curta e tecido levinho – ela era bonita e combinava com meu tênis rosa. Coloquei o relógio Garmin no pulso e o frequencímetro abaixo do top, por baixo do qual coloquei micropore e passei um “protetor” que serve como uma vaselina pra proteger do atrito, mas não é melecado (comprado na feira da maratona, no dia anterior).


Fui ao banheiro. Passei vaselina no pé, para não fazer bolhas. Coloquei uma meia grossinha para proteger bem e calcei meu Wave Sayonara. De repente, o pé começou a coçar! Arranquei a meia e coloquei uma mais fina. Ufa! Peguei uma camiseta de manga comprida para proteger do frio da manhã (depois a guardaria na mochila do meu pai que deixaríamos no guarda-volumes). Boné na cabeça. Protetor solar no rosto.

Nos bolsos, guardei 3 géis de raspberry da marca CLIF, que eu tinha gostado muito quando experimentei na meia maratona de Disney. Meu técnico Marcão havia dito que era a melhor marca! E como não encontramos no Brasil, compramos lá em Québec, na feira da maratona. Detalhe: na prova eles distribuiriam gel em alguns postos do percurso, mas eu preferi me garantir com aquele que eu já conhecia e gostava.

Era hora de sair. Meu pai e eu precisávamos chegar até às 7h00 na área de onde sairia a balsa para a cidade de Lévis. Depois da travessia, um ônibus nos levaria para o local da largada. Minha mãe iria em seguida , com meu tio, para outro ponto da cidade de Québec, de onde sairiam ônibus que os levariam para a largada da meia maratona (exatamente na  metade do mesmo percurso que  eu faria).

Caminhando com meu pai do hotel até a balsa, rezamos.

Adiante, avistamos nossos companheiros daquele desafio. Então, fomos nos juntar aos bons! Naquela manhã também haveria a corrida de 10 km e a de 21,1 km, mas os participantes dessas estavam em outros locais. Naquele pedacinho eu estava cercada de “gente grande” de todas as idades, corpos, nomes e rostos. Certamente, muitos deles eram “veteranos de guerra”. E eu estava lá para tentar uma vaga nesse time de resistentes.

Logo entramos na balsa. Fiquei com meu pai na parte de dentro, pra protegermos do vento gelado, e só saímos um pouquinho pra ver a linda paisagem. Do outro lado do rio estava o "nosso" castelo! (Não levamos máquina fotográfica, mas salvamos aquela vista panorâmica na nossa memória). Alguns corredores encontravam-se sozinhos; outros, com amigos ou familiares. Todos, porém, pareciam concentrados. A barca movia-se silenciosa. Eu, no meu ímpeto interno, queria conhecer todas aquelas pessoas e saber de suas histórias até ali. Mas também fiquei quietinha... Foi quando ouvimos alguém falando em português.
  
Dois amigos brasileiros. Marcio e Luis Gustavo. O Marcio também iria debutar na maratona. E como Brasil é Brasil, de repente já éramos antigos conhecidos. Sentamos do lado deles no ônibus. Chegamos num complexo fechado, que era um amplo saguão de hotel. Lá tinham grandes banheiros limpíssimos (muiiiito melhor do que se fossem banheiros químicos!). Pela primeira vez a fila das mulheres era menor. Isso se devia ao fato de estarmos em menor número (dos 1448 participantes, 1082 eram homens e 345, mulheres).

Ali no saguão também cruzamos com o Bruno Bueno, outro brasileiro que havíamos conhecido no dia anterior, na feira da maratona. (Aliás, hoje percorri a lista dos participantes desses 42,195 km de Québec e descobri que encontramos todos os outros 3 brasileiros inscritos ali!)

O frio começou a ir embora. Tirei a manga comprida, pra ir me aclimatando. Fomos procurar o guarda volumes. Era num caminhão estacionado do lado de fora. Saímos. A música que estava tocando começou a me contagiar! "We've come too far to give up who we are. So let's raise the bar and our cups to the stars. She's up all night 'til the sun. I'm up all night to get some. She's up all night for good fun. I'm up all night to get lucky"

Foi nesse embalo que se sucederam outras tantas músicas animadas. Eu queria viver aquele momento e nenhum outro! Tomei um pouco d'água que a organização tinha se encarregado de providenciar. A estrutura da prova era fantástica e eu estava super entusiasmada com aquela concentração inicial!

Ficamos conversando com nossos novos amigos, até que começou a contagem regressiva de minutos e fomos nos posicionar um pouco mais pra perto da largada. Meu pai tinha dito que correria essa maratona ao meu lado. Não queria lhe pedir isso, já que ele diminuiria muito o ritmo dele, mas confesso que fiquei feliz e isso me deu maior segurança.

Finalmente, às 8h30 da manhã, foi dado o tiro da largada. "BUM!" Começou. Eu estava ali, correndo a maratona, e isso era real.

(continua no próximo post...)

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Testando o Mizuno Wave Sayonara para a Revista Sport Life

No ano passado, meu pai foi convidado pela Revista Sport Life para avaliar itens das melhores marcas esportivas do mercado e, nesse mesmo período, ele também deu uma entrevista para a revista. Meu irmão e eu o acompanhamos no dia da cerimônia de premiação dessas marcas esportivas, quando tivemos a oportunidade de conhecer a jornalista da revista (também corredora), Lygia Haydée.

Neste ano, sabendo que eu já estava treinando mais sério, a Lygia, sempre muito gentil, me mandou um tênis para testar para a Sport Life. Eu deveria fazer um relato das experiências que tive com ele, considerando diversos quesitos, conforme vocês podem verificar abaixo no meu teste - que saiu na edição de agosto de 2013 da Revista Sport Life. (Obrigada, Lygia!)

Depois do teste, gostei tanto do Sayonara, que resolvi que ele seria o escolhido para a minha primeira maratona, da qual ainda preciso lhes contar! Em breve...